Equidade de gênero na empresa: como adotar e manter

A equidade de gênero na empresa é um tema cada vez mais importante no mundo corporativo. Para além da responsabilidade social, é uma questão de vantagem competitiva para os negócios. 

Empresas com equipes diversas são mais inovadoras e produtivas e são mais atraentes para clientes e investidores. Leia o artigo até o final para conhecer tudo sobre esse braço da diversidade e inclusão e como implementá-lo. 

Equidade de gênero nas empresas: o que é?

Trabalhar a equidade de gênero nas empresas significa equiparar as oportunidades e tratamento entre as pessoas colaboradoras independente do gênero. 

Usa-se a palavra “equidade” e não “igualdade” pois a ação vai além de igualar condições de trabalho. É necessário reparar desigualdades por meio de práticas intencionais para que essas mulheres cresçam com segurança na empresa. 

Mesmo que uma organização conte com 50% de mulheres em seu quadro de pessoas colaboradoras e ofereça salários iguais para as mesmas funções independente do gênero, as mulheres ainda vão enfrentar obstáculos. 

Apesar de numericamente “iguais” aos homens (e vale ressaltar que, infelizmente, essa não é a realidade da maioria das empresas brasileiras), as mulheres podem ser preteridas em promoções, têm mais dificuldade de acessar cargos de liderança, não são vistas como tomadoras de decisão e precisam lidar diariamente com os vieses inconscientes. 

Além disso, muitas delas vivenciam uma múltipla jornada de trabalho que envolve cuidados com a casa e com a família. Isso tudo precisa ser levado em conta na hora de pensar o desenvolvimento profissional de uma colaboradora na empresa. 

Há também que se considerar a interseccionalidade: mulheres negras, mulheres com deficiência, mães e responsáveis legais, mulheres trans, mulheres de baixa renda… Cada realidade possui necessidades singulares dentro de uma organização. 

Por que as organizações devem investir em equidade de gênero?

De acordo com relatório do Fórum Econômico Mundial de 2023, a desigualdade de gênero no mercado de  trabalho em nível mundial deve acabar em 131 anos, apenas em 2154, considerando os avanços lentos nos últimos anos. 

Por outro lado, a 13ª edição da Pesquisa de Benefícios Aon mostra que 41,4% das empresas brasileiras já promovem a equidade de gênero. Esse é o segundo recorte mais trabalhado, atrás somente de políticas para PcD. 

Mais do que uma questão de justiça social, investir em equidade de gênero traz diversas vantagens competitivas para o negócio: 

Maior lucratividade 

Empresas diversas possuem 25% mais chance de terem lucratividade acima da média (McKinsey) e a equidade de gênero garante 45% mais receita proveniente de inovação (Fórum Econômico Mundial).  

Melhor reputação da marca 

Uma marca diversa é mais atraente para clientes, investidores e stakeholders. Negócios com mulheres em cargos de C-level entregam 34% mais retorno aos acionistas, de acordo com a Catalyst. 

Maior inovação 

As mulheres têm maior tendência a adotar uma liderança transformacional, caracterizado por habilidades de comunicação, empatia e colaboração. 

Diversidade cognitiva (maneira de pensar e resolver problemas) e demográfica (regional, social e étnica) gera inovação nas organizações (Deloitte). 

Maior retenção de talentos 

Pessoas de ambos os gêneros preferem trabalhar em empresas que promovem a diversidade e a inclusão. Quando todos os funcionários são tratados com equidade, eles se sentem mais valorizados e motivados.

Maior diálogo

A equidade de gênero é responsável por evitar conflitos e facilitar a alternância entre fala e escuta. 

Quais são os desafios para a equidade de gênero nas empresas?

O principal desafio para implementar equidade de gênero nas organizações é a falta de maturidade para lidar com o tema. Muitas empresas erram ao achar que ter mulheres na organização basta, sem pensar em como tornar o ambiente seguro para reter esses talentos. 

O conceito de equidade de gênero equivocado também é muito comum no início. Os colaboradores acham que os empregos dos homens da empresa estão ameaçados pelas políticas afirmativas, quando na verdade essa pluralidade de pessoas torna o ambiente mais inovador e com possibilidade de crescimento para todos os lados. 

Essa falta de conhecimento impacta diretamente o RH, que precisa provar à diretoria a às lideranças internas que ter iniciativas de equidade de gênero é essencial para retenção de talentos e diversidade. As práticas ainda são vistas como “uma aposta arriscada”.  

O receio de como os homens da empresa vão reagir também é uma preocupação na hora de implementar políticas de equidade de gênero. Os gestores têm receio de “assustar” os colaboradores ao anunciar uma vaga afirmativa ou políticas de gênero. 

Muitas pessoas, mesmo que não sejam intencionalmente discriminatórias, podem ter atitudes ou comportamentos que prejudicam as mulheres no ambiente de trabalho. Esse viés inconsciente é estrutural e precisa ser intencionalmente combatido. 

Ações para promover a equidade de gênero nas empresas

Existem várias ações que as empresas podem tomar para promover a equidade de gênero. Algumas dessas ações incluem:

Definir metas

As empresas devem definir metas claras para promover a equidade de gênero. Essas metas podem incluir, por exemplo, aumentar a participação feminina em cargos de liderança, reduzir a diferença salarial entre homens e mulheres ou contratar mais mulheres negras. 

As metas de D&I devem ser específicas, detalhadas e acompanhadas assim como outras metas, tal qual marketing e vendas.

Investir em treinamento e desenvolvimento

Quando falamos em treinamento, existem algumas frentes de ação. Você pode promover palestras de sensibilização para todo o time a fim de cultivar um ambiente de trabalho respeitoso, combatendo o machismo que por vezes passa despercebido. 

Você também pode prover ferramentas de estudo e crescimento para as mulheres. Invista na formação de lideranças internas, trabalhe as habilidades técnicas e comportamentais dessas mulheres. 

Deixe que elas escolham! Faça pesquisas internas perguntando que tipo de formação, educação, curso elas gostariam que a empresa disponibilizasse. 

Envolver a liderança

A liderança da empresa deve estar comprometida com a equidade de gênero. 

O primeiro passo é demonstrar de que esse investimento vale a pena e para ter a liderança como aliada você pode trazer dados acima para comprovar os benefícios para o negócio. 

Para manter-se aliado e apoiado, informe as lideranças e todo o time do avanço da sua estratégia de Equidade de Gênero. 

Recrutamento focado na equidade de gênero 

Isso pode incluir, por exemplo, usar linguagem inclusiva no processo de recrutamento e seleção e ter uma representação equilibrada de homens e mulheres na equipe de recrutamento.

Você também pode abrir vagas afirmativas para mulheres trabalhando bem os benefícios que mais interessam às mulheres, como plano de saúde, flexibilidade e licença maternidade, por exemplo. 

Implementar políticas e práticas equitativas

Trace um plano de ação para mitigar as desigualdades entre homens e mulheres na empresa. 

O passo inicial é identificar os problemas. Investigue se existe desigualdade salarial, avalie as oportunidades de promoção dentro da empresa, repense os processos seletivos e atração de talentos a fim de se livrar dos vieses inconscientes. 

Após identificar os problemas, resolva o que for mais imediato como elaborar ações para aumentar a segurança das mulheres na empresa, consequentemente fortalecendo a retenção desses talentos plurais.  

Promover um ambiente seguro

A noção de segurança pode variar em relação a homens e mulheres. Para elas, segurança é poder trabalhar em um ambiente livre de assédio, com a segurança de que está sendo reconhecida e tratada de acordo com suas competências profissionais. 

Você pode:

  • Implementar um canal de ouvidoria/denúncia que não comprometa a profissional; 
  • Adotar uma política de tolerância zero para discriminação; 
  • Educar de forma contínua o time; 
  • Garantir avaliações de performance livre de vieses. 

Apoiar mulheres na liderança

Não basta ter mulheres na empresa, é preciso promover o crescimento delas através de ações intencionais de desenvolvimento e crescimento.

Lembre-se que capacitar lideranças internamente é um benefício para o RH e para a empresa como um todo, pois está retendo um talento qualificado, que já conhece o negócio e reduzindo custos com novas contratações para vagas mais altas, geralmente mais difíceis de serem preenchidas.

Qual é o papel do RH na equidade de gênero nas empresas?

O RH é a área responsável por trazer e gerenciar as pessoas, o que move o negócio.

Por ser a área que mais trabalha próxima das pessoas e tem ferramentas específicas para gerar insights valiosos sobre o quadro de funcionários, tem potencial para identificar oportunidades de melhorias. 

Além disso, o RH também é o responsável pelos processos de atração, recrutamento e seleção de talentos, e claro que uma cultura de equidade deve começar desde aí. 

De modo geral, o papel do RH é recrutar e reter. Quanto à equidade de gênero, esses profissionais devem sensibilizar colaboradores e lideranças a fim de colocar em prática uma estratégia eficiente. 

Sabemos que nem sempre é fácil, mas D&I é também uma forma de elevar suas entregas, afinal ela fortalece recrutamento e retenção de talentos, além de melhorar a cultura, pertencimento e performance do time. 

Conte com a Plure para promover equidade de gênero com resultados para o seu negócio! Fale conosco. 

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